segunda-feira, 26 de julho de 2010

Encarnação, um forte apelo espírita.

A Defesa da Preexistência de Jesus como um Ser imortal ou como anjo antes de vir a esta terra, tem forte apelo espírita. Deste modo estão dando forte argumento aos espíritas que ensinam a doutrina falsa da re-encarnação. Segundo o conceito espírita, re-encarnação significa a volta do Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, sem qualquer espécie de ligação com o antigo. Usa-se também o termo PALINGENESIA, proveniente de duas palavras gregas – PALIN, de novo; GENESIS – nascimento.
FONTE: (http://aprendizadoespirita.wordpress.com/2010/03/14/encarnacao-encarnacao/).

Segundo eles, os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais em poder, inteligência, saber e nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros por sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e seu amor ao bem: são os anjos ou Espíritos puros.

Jesus para os espíritas é a manifestação de um Espírito Superior, a mais elevada entidade encarnada, o maior dos “missionários” enviados por Deus ao mundo, para ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a transcorrida na terra, mas a que será vivida no além, indicar-lhes o caminho que conduz a ela e os meios para alcançá-la. (Grifos meus).
FONTE: (O Espiritismo no Brasil, pág 384-401).

Jesus foi o Diretor angélico do orbe terreno, acompanhou todo o processo de formação da Terra, o primórdio da vida no planeta, e vem seguindo, com a mais extremada atenção, a todos os espíritos que vinculados a este orbe, desenvolvem valores éticos e culturais. Mostra Emmanuel que Jesus não pode ser compreendido como um simples filósofo, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, conseguidos à custa de inumeráveis encarnações em mundos, hoje já inexistentes. Esteve encarnado em nosso planeta uma única vez, e tornou-se, na expressão do Codificador, o "modelo e guia para a humanidade", haja vista ter sido Jesus o único Espírito Puro a envolver-se nos fluidos carnais da Terra. (Grifos meus).
Fonte: (http://www.riodeluz.net/index.php?Lugar=Pag_4).

COMENTÁRIO - Segundo o exposto acima, podemos perceber uma certa analogia da doutrina espírita com a doutrina da encarnação, feita pelos defensores de uma preexistência de Jesus antes de nascer nesta terra. Aqui se faz necessária uma aclaração de termos.

Como foi dito no início deste livro, para os trinitarianos, Jesus sempre foi “eterno”, nunca teve uma “origem”, ao passo que para os defensores da preexistência, Jesus teve uma “origem” lá na eternidade, antes da criação de todas as coisas, inclusive foi Ele (Jesus) que foi o criador de tudo.
O forte apelo espírita está baseado na premissa que se Jesus “existia” antes de nascer como homem, necessariamente deve haver “existido” sob alguma forma espiritual, pois ninguém concebe Jesus em sua preexistência, sem ter uma forma pessoal, corpórea, sem ser uma pessoa. Se Ele não possuía a humanidade até nascer, é óbvio que deveria então “existir” sob alguma forma corpórea-espiritual. É aqui que entra o conceito espírita! Ele existia como um Espírito Superior!!
Como ensina a doutrina espírita, Jesus era um SER SUPERIOR, enviado por Deus ao mundo e que acompanhou todo o processo de formação da Terra (Orbe terreno).

Para os defensores da preexistência, Jesus “saiu” de Deus em um tempo desconhecido por nós humanos na eternidade, porém ninguém informa como se deu este processo. Apenas, limitam-se a escolher aleatoriamente textos das escrituras, isolados de seus contextos, para dar apoio à esta teoria. Assim também fazem os trinitarianos para “provar” a trindade com a bíblia. Certamente este Espírito Superior, segundo os defensores da preexistência, foi aquele que abandonou sua antiga forma “corpórea – espiritual” para nascer como um bebê em Belém.

Com todo o respeito àqueles que acreditam na teologia tradicional da encarnação, gostaria apenas de destacar, que esta doutrina comum no universo pagão pré e pós-cristão é estranha ao pensamento bíblico. São invenções da mente humana e descritas nos concílios romanos.

A doutrina basicamente implica que um ser que não é carne, se torne carne. Tornar-se carne, é passar de um estado que NÃO É CARNE a outro QUE É CARNE.
Nas religiões pagãs eram geralmente os próprios deuses os que se encarnavam: deuses que tomavam corpos de carne, ou seja, se convertiam em seres humanos.

Mas existem muitas religiões que afirmam que os próprios seres humanos se encarnam, por exemplo, dentro do budismo e o hinduísmo se crê que ao morrer a alma de uma pessoa volta a encarnar-se em um animal ou pessoa diferente. Este processo se chama RE-ENCARNAÇÃO, ou seja, uma ENCARNAÇÃO REPETIDA.

A igreja dos santos dos últimos dias afirma que todos os seres humanos se encarnam ao nascer, posto que todos éramos anjos antes de vir a terra. Este processo o chamam de “PRÉ-EXISTENCIA CELESTIAL”.
Embora o cristianismo tradicional rejeita a encarnação dos seres humanos em geral, algumas igrejas crêem que Jesus, O Messias foi um ser diferente antes de nascer e que ENCARNOU em um corpo humano de um bebê no ventre de Maria. (EM ESSÊNCIA UM ENSINO ESPÍRITA).

Para alguns grupos, como os TESTEMUNHAS DE JEOVÁ e os Adventistas do 7º Dia, Jesus foi o arcanjo Miguel antes de vir a terra e disfarçou-se de homem quando se encarnou. Não existe na bíblia nenhum texto, passagem ou noção que afirme tal coisa. Jesus nunca é chamado de Miguel, nem Miguel afirma ser o Messias que haveria de encarnar-se. Na verdade, um arcanjo quer dizer ANJO-CHEFE, e não uma espécie separada de anjo. Ser o ARCANJO implica ser o ANJO PRINCIPAL, porém, não com uma natureza diferente da dos anjos. A epístola aos hebreus refuta esta heresia de que o Messias teria sido algum dia um anjo. Jesus é superior aos anjos. (veja Hebreus 1 e 2).

Há um texto que diz que Jesus virá com voz de arcanjo (1 Tess. 4:16) e isso o converte no Arcanjo Miguel? No mesmo verso também diz que Ele virá com a trombeta de Deus, então se aplicarmos o mesmo princípio, deveríamos dizer que isto o converte em DEUS, porque Ele vem com a trombeta de Deus? A bíblia também chama Jesus de LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ, deveríamos então afirmar que Jesus é um leão por natureza?

Voltando à encarnação, desde o princípio a escritura deixa claro qual é a origem e o destino do homem: porquanto és pó e em pó te tornarás (Gen 3:19b).

Nós não encarnamos, pois nunca fomos outra coisa que não CARNE, simplesmente nascemos.

De onde Adão foi tomado? Do pó da terra. Antes de nascer simplesmente não existia, o que é óbvio, pois a palavra NASCER significa EXISTIR, INICIAR SUA VIDA. Não se pode crer na PREEXISTÊNCIA de um ser em outra dimensão ou esfera existencial sem crer na encarnação. É como acreditar no fogo do inferno ou no purgatório: deve-se crer em uma alma imortal. Sem uma alma imortal, não existe NADA que possa ir ao inferno sofrer.

Para que um ser possa haver PREEXISTIDO, tem que haver EXISTIDO EM ALGUM LUGAR ANTES. Tem que haver existido, porém de alguma forma diferente, ou numa existência prévia. Dado que os seres humanos são DE CARNE, se um ser humano (como se crê em relação a Cristo) PRÉ-EXISTIU, então se subentende que se tornou um ser humano através de um PROCESSO – O DA ENCARNAÇÃO, que as escrituras absolutamente não descrevem.

A atração psicológica de um Jesus não-humano

Gostaria de sugerir nesta parte, que cada falsa compreensão da Bíblia, cada doutrina errada, tem algum tipo de base psicológica para ela, e que, muitas vezes, isso envolve uma desculpa para a reprovação do desafio de crer na Palavra de Deus. Crer que Jesus de Nazaré era apenas um ser humano, nunca pecou, morreu e ressuscitou, realmente nos exige muita fé. O simples relato bíblico realmente necessita de mais fé do que possa parecer à primeira vista.

Acreditar que há 2010 anos atrás, um homem perfeito morreu ... e depois de três dias, Deus o ressuscitou e que 40 dias depois, ele subiu em direção ao céu e de alguma forma o céu o tomou, sim, ela exige fé para entender a realidade pessoal, concreta e histórica de tudo isto. Por isso que muitos crêem na trindade e na preexistência literal. Isto não lhe exige fé. Para muitos se torna em mistério e ponto final. Muitos acabam afirmando que não têm como compreender e se fecham em seus argumentos. Soa muito mais “altivo, excelso” crer num salvador assim, do que crer no “homem de dores, experimentado nos trabalhos” descrito na bíblia (Isaías 53:3b).

É muito mais fácil deixar de lado o desafio de crer nas escrituras e dizer: Na verdade, ele era Deus mesmo, ou um Filho Divino preexistente!!
No Século 1, Israel tropeçou na humanidade de Jesus. “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, o irmão de Tiago? E escandalizavam-se nele” (Mc. 6:3).

Em essência, a mesma coisa está acontecendo com os defensores da preexistência literal.
Jesus, Filho de Deus, o ser humano perfeito ... era verdadeiramente humano, com irmãos, mãe e parentes humanos. E assim eles tropeçaram em várias teorias e teologias erradas a respeito de Jesus para tentar racionalizar e espiritualmente legitimar a sua falta de fé nEle como uma pessoa humana.
Os primeiros cristãos também devem ter lutado com a questão de como poderia UM HOMEM ter feito tudo isso? Como isso pode ser verdade sobre UM HOMEM? E assim os outros cristãos posteriormente tomaram o caminho mais fácil, foi reprovada a questão, decidindo que Jesus deve ter sido Deus.

Da mesma forma, há o desafio do fato de que Jesus é explicado nas Escrituras como nosso representante, mas que nos requer muita fé, mas o cristianismo em geral que buscou esta demanda substituiu-o por outra figura, UMA FIGURA VINDA DO CÉU, distinta daquela descrita na bíblia, mas o Senhor Jesus definiu um padrão - humilhação e sofrimento, seguido de glorificação.

No entanto, a concepção comum sobre Jesus está errada: o caminho preexistente na glória do céu, seguida por humilhação, em seguida, um retorno à glória. A Bíblia ensina claramente que a glória do Senhor Jesus foi ganha, foi a sua recompensa, e nós com os nossos corações dizemos: “Digno é o Cordeiro que foi morto!" para receber a glória, sabendo que nós também iniciamos uma trajetória semelhante à glória, com todas as experiências de humilhação na vida compreendidas nesse mesmo contexto.

Apesar do fato de que Jesus, evidentemente, preferia falar de si mesmo como “filho do homem”, os discípulos nunca são contabilizados como se referindo a ele dessa maneira. Esse desconforto psicológico com o Jesus humano é refletido pela maneira na qual um cristão do 2º século, o herege Valentino, começou a ensinar que Jesus comeu e bebeu “de uma forma especial, para que nenhum resíduo excretal fosse produzido” (Conforme citado em Larry Hurtado, Senhor Jesus Cristo (Cambridge: Eerdmans, 2003 - p. 528. 528.) O desejo humano de acreditar em um deus (COMO NO TRINITARIANISMO), em vez de um homem é demonstrado na atitude de Israel a Moisés. Eles disseram: “MAS vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, ajuntou-se o povo a Aarão, e disseram-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós: porque enquanto {a} este Moisés, {a} este HOMEM que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu." (Ex. 32:1,4).
Observe na passagem, como eles criaram um bezerro, mas o adoraram como DEUSES (plural). Eles cometeram a falácia da trindade muitos séculos antes. Eles não conseguiam segurar um salvador, que era humano, como eles, e então decidiram que um deus haveria de ser o seu salvador, que existe como uma pluralidade de deuses, dentro de uma unidade, ou seja, o bezerro de ouro. Jesus. A essência do Cristianismo é para ser direcionada à pessoa humana do Senhor Jesus. Observe os paralelos descritos pelo Apóstolo Paulo entre Cristo e Adão (1 Corintios 15:22/Rom.5:12).
Se Jesus não fosse plenamente humano, este paralelo se desintegraria.
Nunca houve uma pessoa que tivesse uma revelação tão clara do verdadeiro cristianismo como o apóstolo Paulo. A base de sua experiência era a sua união com Cristo. Sua vida estava de tal forma identificada com a Pessoa de Cristo, que ele dizia: “Estou crucificado com Cristo, logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Gálatas 2.20.
Nas epístolas, o apóstolo faz referência a si mesmo, resumindo a essência da vida cristã na expressão “homem em Cristo” (2 Coríntios 12:2). A vida de Paulo e a sua teologia nos ajudam a compreender o que significa ser um autêntico cristão, ou seja, um homem em Cristo.

Um dos livros mais significativos do Dr. Russel Shedd tem como título “A solidariedade da Raça: O Homem em Adão e em Cristo”. Trata-se da sua tese de doutorado, escrita em 1958. Nesta obra, Russel Shedd demonstra que a chave do entendimento do pensamento de Paulo sobre o homem, a salvação e a igreja está no conceito de “personalidade corporativa” que aparece nas Escrituras do Antigo Testamento e nos escritos rabínicos. O autor diz: “toda a antropologia e a soteriologia de Paulo estão construídas sobre os conceitos hebraicos da solidariedade da raça”. O apóstolo Paulo se apropriou do conceito “personalidade coletiva” do pensamento hebraico (o homem em comunidade) para demonstrar o que significa estar em Cristo e não mais em Adão.
Na época do Velho Testamento o povo judeu se entendia como uma unidade corporativa chamada Israel. Não havia como desvincular o indivíduo do grupo e o grupo do indivíduo. A idéia de uma personalidade coletiva era muito forte. O apóstolo Paulo não tinha dificuldade de pensar em termos de “personalidade corporativa” como nós, porque já estava acostumado a pensar desta forma. A partir deste conceito Paulo demonstrou que Adão e Cristo são as únicas “personalidades coletivas” diante de Deus. A Bíblia deixa bem claro que a humanidade está dividida em duas raças. A raça de Adão e a raça de Cristo. Ambos são cabeças universais da humanidade. Toda a humanidade está incluída nesses dois homens. Os atos destes dois homens tiveram efeitos sobre toda a raça humana.

A tendência é sempre que a nossa mente vagueie até as mais abstratas e menos exigentes coisas pessoais e ao invés de dizer que Jesus foi um homem elevado a Deus, o tornamos um Deus que se fez homem, filho do Pai, porém igual ao Pai (cf. declaração do Concílio de Nicéia, ano 325). Desta forma se observa que a Igreja como um todo se afastou do foco sobre o Jesus humano e real dos Evangelhos, porque eles se tornaram cada vez mais absorvidos em especulações sobre sua suposta vida anterior no céu (PREEXISTÊNCIA).

Para acreditar no verdadeiro Jesus, nos milagres de Deus em vidas humanas ao longo da história, era muito grande o desafio à fé e assim tudo foi tornado confortavelmente abstrato. Os escritores do Novo Testamento mostraram as coisas passadas, como a travessia do Mar Vermelho e os eventos no deserto como acontecimentos históricos reais, que foram tipos da obra de Cristo (1 Coríntios 10:1-4.; Hebreus 3, etc.).

Mas por volta do 2º Século, houve um afastamento da leitura desses eventos como tipos, e passaram a serem vistos como alegorias que já não eram os eventos de suma importância real e os personagens e acontecimentos foram considerados como alegóricos. Foi neste contexto de crescente abstração que os cristãos começaram a afastar-se do verdadeiro Cristo. Orígenes no terceiro século argumentou fortemente que as seções históricas da Bíblia deviam ser tomadas como alegoria e não como história literalmente precisa. Ele falou de estar na Bíblia “a verdade espiritual em mentiras históricas”, e passou a usar isso como uma desculpa para explicar por que o Senhor Jesus é apresentado como o ser humano e não divino dos Evangelhos.

Colaboração de:

MARCELO ALEXANDRE DO VALLE
[E-MAIL – marceloalexandrevalle@yahoo.com.br].

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O TESTE TEOLÓGICO

João, o Apóstolo, nos ensina a aplicar o teste teológico. Este teste é a medida de nossa própria compreensão da pessoa de Jesus. Quem é o verdadeiro Jesus? O teste é o seguinte:

1 João 4:2 - Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus.

2 João 7 - Porque {já} muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este {tal} é o enganador e o anticristo.

O que significa confessar que Jesus “veio em carne”? A expressão “veio em carne” não é uma expressão corrente em nossa língua. É uma expressão que indica SIMPLESMENTE que Jesus era um ser humano (de carne e ossos). Então este teste é vital para a nossa compreensão. Existem sistemas de teologia existentes em nosso tempo, que negam que Jesus veio como um ser humano, PLENAMENTE?

O leitor deve entender que não se trata apenas de uma “CONFISSÃO TEÓRICA” que Jesus é um ser humano, pois até mesmo os trinitarianos dizem que Jesus é UM SER HUMANO. Eles apenas complementam que além de ser homem Ele era Deus também. Definir corretamente a natureza de Cristo é essencial para nossa salvação. Se dissermos que Jesus é O Filho preexistente ou um anjo, ou qualquer outra coisa que não homem no sentido pleno da palavra, seremos anticristos, e destinados à destruição pela ira de Deus que será revelada. Este teste também mostra um reconhecimento de que Deus e Jesus são pessoas diferentes. As diferenças entre Jesus e Deus são os aspectos mais básicos de suas naturezas.

Os defensores da preexistência, por sua vez, aplicam esta mesma interpretação para dizer que Jesus “VEIO” em carne, o que na concepção deles significa que O Jesus preexistente (FILHO DE DEUS) quando chegou o tempo, tomou a forma humana, SE TORNOU EM CARNE, VINDO DO CÉU À TERRA. Desta forma esta confissão teórica sobre Jesus está também deturpada de seu sentido, pois ela está apoiada exclusivamente nas decisões “oficiais” do credo de calcedônia e não na BÍBLIA.

Jesus na definição dos credos é chamado de homem “no sentido genérico, mas não é um homem realmente”. Ele tem a natureza humana, mas não é uma pessoa humana. A pessoa em si é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, uma pessoa PREEXISTENTE. Jesus não tem um centro humano pessoal. Esta é a forma como o Concílio contorna o possível problema de dupla personalidade.

A definição dos concílios diz que o homem Jesus é verdadeiro. Mas se há duas naturezas nele [divina e humana, FUNDIDAS OU SEPARADAS PELO TEMPO], é evidente que uma vai dominar. E Jesus torna-se imediatamente muito diferente de nós e está longe da experiência humana comum. Jesus é tentado, mas não pode pecar, porque ele é Deus. Que tipo de tentação é essa? Ele tem pouco em comum com o tipo de lutas que estamos familiarizados.

Quando João nos mostra como aplicar o teste teológico, Ele o faz baseado na crença comum judaica e bíblica de quem seria o UNGIDO DE DEUS (UM SER HUMANO, NÃO UM SER PREEXISTENTE). Ele próprio em seu evangelho nos diz que o escreveu para que “creiamos que JESUS É O CRISTO (UNGIDO), O FILHO DE DEUS, e para que crendo tenhamos vida em seu nome. (João 20:31)”. Não confessar que Jesus veio em carne, significa NÃO CONFESSAR QUE JESUS, FILHO DE DEUS POSSUÍA UMA NATUREZA HUMANA COMPLETA.

Esta carta foi escrita por João contra os gnósticos que afirmavam que o nascimento de Jesus foi ilusório e que em realidade Jesus não era um ser humano senão apenas em aparência, disfarçado de ser humano.

Veja este importante paralelo descrito na própria epístola de João:

1 João 2:22 – Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que “JESUS é O CRISTO? É O anticristo esse mesmo que nega O PAI e O FILHO”. (Duas pessoas diferentes).

1 João 4:15 – Qualquer que confessar que “JESUS é O FILHO DE DEUS”, Deus está nele e Ele em Deus.

Em Mateus 16:16 vemos que Pedro afirma por revelação de Deus que Jesus é O Ungido, O Filho do Deus Vivo: E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo

Essa relação fica clara nas palavras de Natanael a Jesus: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel. (João 1:49). Crer, portanto no Filho de Deus é crer que Ele é o futuro Rei de Israel.

Em Marcos 15:32 encontramos novamente esta mesma relação nas palavras dos escribas e sacerdotes: O Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos. Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.

O título FILHO DE DEUS equivale a Messias (Ou Ungido) e isto quer dizer também que corresponde ao título de “Rei de Israel”.

As igrejas são forçadas a esta posição por causa da sua convicção de que a pessoa de Jesus é o eterno segundo membro da Trindade. Jesus para as igrejas é essencialmente o próprio Deus que mais tarde se coloca sobre a natureza humana.

Cristo para os defensores da preexistência possui uma natureza humana completa sem uma personalidade humana completa, porque esta personalidade anteriormente DIVINA foi substituída por uma personalidade humana criada em Cristo.

Devemos lembrar que O TESTE VITAL DA VERDADE que se aplica a qualquer sistema de ensino tem a ver com a crença de que o verdadeiro Jesus é um verdadeiro ser humano (I João 4:2, II João 7).

Surpreendentemente, o FILHO DE DEUS PREEXISTENTE/ SEGUNDA PESSOA DA TRINDADE da crença tradicional não é uma pessoa humana genuína. Poderia o descendente prometido de Davi viver antes de Davi e ainda ser considerado seu descendente ? Uma única pessoa pode ser 100% Deus e 100% homem? Deus pode morrer? Se Jesus é Deus, e Deus não pode morrer (I Timóteo 6:16), Jesus não poderia ter morrido!

E se Jesus é Deus, ele deve ser onisciente. No entanto, o Jesus da Bíblia disse que ele não era onisciente. Ele não sabia o dia da sua vinda futura (Marcos 13:32).

Confessar que Jesus veio na carne implica também em aceitar que como ser humano Ele teve que ser ressuscitado por Deus, que era maior do que Ele. Saber que nosso irmão Jesus Cristo é um ser humano e que toda a sua grandeza foi premiada por suas realizações em sua vida, sua dedicação, sua humildade, seu sofrimento, seu amor e dedicação, quando era apenas carne e que Jesus é o homem que todos devemos imitar, deve encher nossos corações de alegria. Isto sim, em minha opinião é a essência do cristianismo primitivo.

Estou convencido de que uma cristologia bíblica deve ser enraizada na história. Para apoiar uma forte fé, a confissão deve ser submetida a uma análise rigorosa, histórica, teológica e exegética. O que seguimos não é apenas um exercício de frio intelectualismo. É uma luta de coração e mente em busca de uma confissão, que corresponde ao modelo apostólico na cristologia: a fé e compromisso com o Jesus histórico e ressuscitado, como o Messias.

MARCELO ALEXANDRE DO VALLE

[e-mail – marceloalexandrevalle@yahoo.com.br]

quinta-feira, 15 de julho de 2010

É o Logos de João 1.1 uma pessoa?

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (João 1:1 – ACF).

É imperativo que o estudante sério da bíblia chegue a um acordo básico sobre o que é O Logos, que é traduzido como "Verbo" em João 1:1.

A maioria dos trinitarianos crê que a palavra Logos se refere diretamente a Jesus, por isso na maioria das versões de João, Logos é traduzido como O Verbo.

Sem dúvida, um estudo desta palavra grega mostra que ela ocorre mais de 300 vezes no NT, e tanto na NIV (Nova Versão Internacional) como na KJV (Versão do Rei Tiago), ela é grafada com letras maiúsculas 7 vezes (essas versões não estão de acordo sobre quando exatamente grafá-las em maiúsculas).

Quando uma palavra que ocorre mais de 300 vezes é grafada em maiúsculas menos de 10 vezes, é óbvio que esta questão de grafá-la assim é uma decisão do tradutor baseada em seu entendimento das escrituras.

Qualquer bom léxico grego indica a extensão ampla do significado de LOGOS:

- A oratória, palavras que você diz (Rm 15:18).

- Uma sentença que você disse (Lucas 20:20).

- Uma pergunta (Mateus 21:24).

- Pregar (1 Tim. 5:17).

- Comandar ( Gal. 5:14).

- Provérbios, Ditos (João 4:37).

- Mensagem, instrução, proclamação (Lucas 4:32).

- Discurso, declaração, ensinamento (João 6:60).

- O tema em discussão, um tema ( Atos 8:21; 15:6).

- A revelação de Deus (Mat. 15:6).

- A palavra falada pelos pastores (Hebreus 13:7).

- Um cálculo, conta (Mateus 12:36).

- Uma conta no sentido financeiro (Mateus 18:23; Fil. 4:15).

- Uma razão, motivos (Atos 10:29).

Esta lista não é exaustiva, porém mostra o uso bem amplo do significado de LOGOS. Com todas as definições e maneiras que Logos pode ser traduzido, como poderemos determinar que significado ou que termo usar? Quais destas formas determinaremos para O Logos de João 1:1?

Qualquer ocorrência de Logos tem que ser estudada cuidadosamente em seu contexto para adquirir o significado correto.

Afirmo que O Logos em João 1:1 não pode ser Jesus.

Veja que “Jesus” não está nas definições do léxico encontradas para Logos.

Este versículo não diz “No princípio era Jesus”. “O Verbo” não é sinônimo com Jesus, nem sequer com a palavra “Messias”.

Logos em João 1:1 se refere à identidade criativa de Deus – Sua expressão – Sua razão, propósitos e planos, especialmente quando trazidos em ação. Faz referência à identidade de Deus, à comunicação de Si Mesmo. Isto ocorre através da sua criação (Rom. 1:19,20) e especialmente os céus (Sal. 19). Resulta da palavra oral dos profetas e através da palavra escrita.

Mais notável e definitivamente, tem vindo a nós através de [e não “por”, cp Col. 1:16] seu Filho (Hebreus 1:1-2).

Veja esta declaração importante de um erudito chamado John LIghtfoot:

“ ...a palavra LOGOS, então denotando a razão e discurso, foi um termo filosófico adotado pelo judaísmo alexandrino antes de Paulo ter escrito, para expressar a manifestação do Deus invisível na criação e governo do mundo. Incluindo todos os modos pelo qual Deus se dá a conhecer ao homem. Como razão, significava seu propósito ou projeto; Como discurso, implicou sua revelação.

Professores cristãos, quando assumiram este termo, exaltaram e arrumaram seu significado para dar a ele duas idéias precisas e positivas:

1 – O Verbo é uma pessoa divina;

2- O verbo encarnou na pessoa de Jesus de Nazaré.

É óbvio que estes dois propósitos devem haver modificado a transcendência de todos os termos subordinados relacionados com a idéia do Logos consideravelmente.

É importante notar que foram “professores cristãos” quem deram a idéia de uma “pessoa divina” ao Logos. É verdade que quando Logos chegou a ser entendido como Jesus Cristo, o conhecimento de João 1:1 foi modificado consideravelmente.

Lightfoot compreende que o significado remoto de Logos se tratava da razão e discurso, não de Jesus Cristo. O erudito inglês Norton desenvolve o conceito de Logos como a razão e escreve:

“Não há nenhuma palavra em inglês que responda a palavra grega Logos, como é usada em João 1:1. Foi trabalho dado para significar um modo da concepção em relação à divindade, familiar no tempo quando João escreveu e mesclado com a filosofia de sua era, estrangeira intimamente de nossos hábitos de pensar, que não é fácil ajustarmos nossas mentes a sua apreensão. A palavra Logos, em um de seus sentidos principais é quase parecido a nosso conhecimento da palavra - razão. O Logos de Deus é considerada como simplesmente a razão de Deus e sob outros aspectos como a sabedoria, mente e inteligência de Deus”.

Se compreendemos que O Logos é a EXPRESSÃO DE DEUS – SEU PLANO, PROPÓSITOS, RAZÃO E SABEDORIA- fica mais claro dizer que isto era com Ele – NO PRINCÍPIO.

A escritura diz que a sabedoria de Deus era “desde o princípio”. (Prov. 8:23).

É muito comum nas escrituras hebraicas personificar um conceito, como a sabedoria, por exemplo. Nenhum provérbio judaico de leitura antiga pensaria na sabedoria de Deus como uma pessoa distinta, retratada tal como nas estrofes de Provérbios 8:29-30.

A maioria dos leitores judeus do livro de João estariam familiarizados com o conceito do “verbo” de Deus sendo com Deus quando trabalhou para trazer sua criação à existência. Há um trabalho óbvio do poder de Deus em Gênesis 1, quando seu plano se torna concreto nas coisas criadas.

Logos, ou seja, o plano de Deus, seu propósito e sabedoria se “fez carne” (veio em realidade, existência física) na pessoa de Jesus. Ele é a imagem do Deus invisível (Col. 1:15) e como seu enviado principal, representante e agente. Porque Jesus obedeceu ao Pai perfeitamente, representa tudo o que Deus poderia comunicar sobre si em uma pessoa humana, como bem disse Jesus: quem me vê a mim, vê o Pai. (João 14:9).

O fato de que Logos foi “feito carne”, mostra que não existia assim antes. Não há preexistência de Jesus nesta estrofe à parte de sua existência figurada como plano, propósito ou sabedoria de Deus para a salvação da humanidade. O mesmo é verdadeiro com a “palavra” escrita. Não teria uma preexistência literal – a existência como um espírito – o livro - em alguma parte da eternidade anterior, porém entre a existência quando Deus dá a revelação às pessoas e a escreveram.

A última frase na estrofe, que a maioria das versões traduzem como "E O VERBO ERA DEUS", não deveria ser traduzida assim.

A língua grega utiliza a palavra "DEUS" (gr. THEÓS) para referir-se ao Pai tanto como a outras autoridades. Estas incluem "ao deus deste século" (2 Cor. 4:4), deuses menores (1 Cor. 8:5) e homens com grande autoridade (João 10:34,35; Atos 12:22).

A forma que o NT foi escrito, chamado grego koiné, só utilizava maiúsculas. Não havia o uso da gramática moderna de letras menores ou maiores. O início do livro de João é uma expressão estupenda do amor de Deus, porque Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. (1 Tim. 2:4).

Deus O Pai dirigiu o começo do livro de João, de tal forma que nos revela sua verdade e o plano para toda a humanidade, dizendo-nos que desde o princípio era O LOGOS (razão, plano, poder), que estava com Ele. Mas, o plano é como Deus, divino [a palavra DEUS - THEÓS - sem o artigo O, significa DIVINO]. O plano de Deus foi feito carne, quando Ele cobriu [ofuscou] Maria.

O comentarista bíblico F. Bruce, argumenta a favor desta interpretação:

"Não é por acidente que o evangelho de João começa com a mesma frase de Gênesis 1:1 - No princípio. Aqui Ele apresenta a história da velha criação e a história da nova criação; Em ambas as obras, o agente é o Logos de Deus".

Para compreender quaisquer passagens das escrituras completamente, é imperativo estudar o contexto. Assim, cremos que estas notas sobre o evangelho de João 1:1, concordam com o restante de todo o mesmo evangelho.

Fonte: Centro Cristão Ebenezer. Sydney/Austrália

Traduzido e adaptado por MARCELO ALEXANDRE DO VALLE.