sábado, 21 de abril de 2012

O mito do livre-arbítrio.


Eis aqui um assunto profundo que nos leva a pensar. Assim como a trindade, a dupla natureza de Cristo, e mesmo o diabo como um ser espiritual, outro ensinamento existente no meio cristão que considero como sendo um mito é o livre-arbítrio. A grande maioria do mundo cristão considera este ensinamento, porém sem antes entenderem na integra o que na realidade estão crendo, isso é fato visível como também o é com as demais doutrinas, as quais eu citei na introdução do assunto.

Alguns versos bíblicos que nos mostram a liberdade de escolha. Gn. 2. 16-17 (E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.) A consequencia da ordem dada por Deus resultaria em uma escolha, algo que aconteceu. Dt. 30.19 (Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.)

Js. 24.15 (Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.)

Para um seguidor do livre-arbítrio estes poucos versos por si só provam a existência do mesmo. Na realidade as escolhas humanas ocorrem ao longo de toda a bíblia, assim como acontece com cada um de nós ao longo de nossas existências, porém o que envolve o livre-arbítrio não é a questão das escolhas, mas sim o fato de serem elas causadas ou não.

A capacidade de escolher é uma parte, ou melhor, função integral da nossa existência pessoal, portanto a vontade existe. A questão que separa os que crêem dos que não crêem no livre-arbítrio é o que faz a vontade agir. O caso de Adão e Eva. Muitos dirão: “ao usarem o livre-arbítrio Eles decidiram pecar”. O que em partes foi uma realidade, porém, tal vontade não foi livre, mas sim causada. De um lado Deus ordenando para que Eles não comecem da árvore, de outro a serpente dizendo para Eva que não haveria problema algum se Ela o fizesse.

Onde se encontra então a liberdade neste episódio? Os defensores do livre arbítrio querem que a vontade seja livre de interferência externa. Frequentemente ouço alguém dizer que Deus nunca “atropela” o nosso livre-arbítrio. Essa liberdade das causas externas é suposta para defender a nossa integridade e assegurar a nossa responsabilidade. Assim dizem também que a vontade é livre de causação, como? Contornam então esse problema dizendo que a vontade é “autocausada” asseguram que a vontade não cria a si própria, mas que os seus movimentos de escolher o curso de uma ação são espontâneos.

Porém a grande questão a se perguntar é: O que faz com que a vontade escolha um caminho e não outro? Se ela não é causada, ela é obra do acaso. Se ela é causada então ela não é livre. Para os que crêem num soberano universal não se cogita obra do acaso. Quanto à espontaneidade eu pergunto: como pode uma vontade puramente espontânea dar início a uma ação? Se a vontade é ”neutra e não predeterminada para agir de um modo ou de outro, o que faz com que ela aja? Se ela parte do neutro como ela pode sair desse centro morto?

Como disse anteriormente à vontade existe como uma capacidade de tomar decisões. Mas isso está longe de aceitar a teoria popular do livre-arbítrio a respeito de como a vontade se comporta.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Eterno enquanto durar.

Respondendo a alguns e-mails sobre a postagem anterior, e a indagação de um amigo o qual insiste que existe uma diferenciação na lei de Deus, segue essa postagem. Ele me questionou o seguinte: “Existem vários versos que nos mostram que a lei dos dez mandamentos são eternas e existem também versos que nos mostram as leis cerimoniais como representando a Cristo e tendo o seu cumprimento nEle. Portanto, essas leis cerimônias sim, perderam o seu valor.” 

No que concerne a questão religioso, tenho presenciado várias pessoas que o que elas acreditam como sendo a verdade bíblica é somente o que elas aprenderam em suas denominações e nada mais do que isso. Estão fechadas completamente para qualquer estudo que lhes mostre algo mais claro e traga com isso uma evolução no conhecimento bíblico. 

Respondendo para aqueles, inclusive para a pessoa que me questionou sobre a divisão de leis, uma pergunta se faz necessária: O que entendemos ser uma lei cerimonial? Bem, para os que não admitem uma evolução no conhecimento bíblico e acham que o que aprenderam é a verdade última dirão que são todos os ritos que foram praticados pelos judeus, e que hoje não se faz necessário. Páscoas, Holocaustos, Festas e etc. 

Mas, a bíblia descreve vários preceitos que entendemos que foram cerimoniais, porém foram tidos como perpétuos. Gn 17.12-13. (O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.) Sabemos que a circuncisão tem suas conotações espirituais, mas atualmente ninguém que não se circuncide está quebrando uma lei, contudo foi dito ser um mandamento perpétuo. 

Ex. 12.11 e 14. (Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor. Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.) 

Reparem outras leis que foram tidas como perpétuas. Lv. 23.41 (Celebrareis esta como festa ao Senhor, por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações; no mês sétimo, a celebrareis.) Várias outras leis que temos como cerimoniais também foram declaradas como sendo a Lei de Deus ou a lei do Senhor, exemplos: ofertas e holocaustos. 2ª Cr. 31.3. (A contribuição que fazia o rei da sua própria fazenda era destinada para os holocaustos, para os da manhã e os da tarde e para os holocaustos dos sábados, das Festas da Lua Nova e das festas fixas, como está escrito na Lei do Senhor.) Lei do Senhor ou lei de Moisés? Lei do Senhor é claro! 

Ex. 13.5 e 9, Quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, e dos heteus, e dos amorreus, e dos heveus, e dos jebuseus, a qual jurou a teus pais te dar, terra que mana leite e mel, guardarás este rito neste mês. E será como sinal na tua mão e por memorial entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja na tua boca; pois com mão forte o Senhor te tirou do Egito. Vemos aqui o ritual dos pães ázimos sendo declarado no verso cinco como sendo um rito e também como pertencendo a lei do Senhor. Deve ficar claro que as divisões entre lei moral e lei cerimonial não é encontrado na bíblia. 

Se os escritores bíblicos acreditavam que todas as leis que existiam e regiam a nação de Israel fossem leis do Senhor e estatuto perpétuo, naturalmente eles não criam e muito menos ensinavam que existia uma lei cerimonial. E de maneira nenhuma diziam que só os dez mandamentos constituíam-se como lei moral. Por outro, lado se sabiam mesmo antes de Cristo que existiam divisões na lei, porque não declararam isso? Lógico que não poderiam declarar e e isso por dois motivos (1) não existia e não existe tal distinção, (2) a própria bíblia no antigo testamento declara que todos os mandamentos são perpétuos. 

Como foi perpétuo se não existe e não é necessário em nossos dias? Podemos afirmar que foi perpétuo até quando durou, até quando foi necessário. Foi perpétuo para o contexto do sacerdócio levítico, neste caso Deus não poderia dizer de outra forma. Então, tal divisão de leis foi uma necessidade teológica encontrada para que se preservasse alguns mandamentos da velha aliança. Sendo assim quando a bíblia declara que os mandamentos são eternos deve ser entendido que são eternos enquanto durarem. 

Foi exatamente isso que Deus quis dizer, caso contrário teríamos que guardar as festividades, os holocaustos, a circuncisão da carne e tantas outras ordenanças. Os judeus na sua maioria não assimilaram tal pensamento, exceto os que aceitaram a Cristo, os apóstolos, discípulos e etc. Muitos utilizam da declaração do salmista que diz: Sl. 119.152. (Quanto às tuas prescrições, há muito sei que as estabeleceste para sempre.) Alegam que o salmista está dizendo que as prescrições referidas não são todos os mandamentos, mas somente os dez mandamentos. Vimos porém, que não pode existir tal ensinamento, pelo fato de para isso terem que ignorar todos os mandamentos bíblicos tidos como perpétuos. 

O salmista não era conhecedor de tal divisão de lei, algo que só foi possível com a chegada da nova aliança, visto que antes desse período uma era a lei do Senhor, alias continua sendo, mas criaram arranjos teológicos necessários para sustentarem determinados movimentos religiosos. Portanto, nenhum escritor ou leitor bíblico nos dias do antigo testamento tinha uma visão dualista da lei de Deus, ou seja, quando liam que guardar o primogênito era lei do Senhor, liam que os sacrifícios eram lei do Senhor. Liam também que a páscoa era eterna. Que a circuncisão da carne era por estatuto perpétuo. Portanto, ninguém dizia que só o decálogo era eterno. 

Para Eles uma era a aliança e uma só a lei, como entender então, quando nos é dito: Hb. 8.13 (Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.) O que faremos, seremos como muitos judeus que continuaram a crer que todo o sistema da lei continua? Faremos como Paulo e outros da Nova Aliança que insistiram em dizer que o antigo pacto e tudo no que nele estava vinculado acabou? Ou seguimos a teologia arranjada de que o que caducou foi o sistema cerimonial, e que eterno mesmo são só os dez mandamentos? Mesmo que a bíblia quando lida sem preconceitos não apóia tal ensinamento?

domingo, 1 de abril de 2012

Os dez mandamentos na antiga aliança.

O que entendemos por antiga aliança, velho pacto e antigo testamento? Algumas denominações ensinam e enfatizam que são apenas os mandamentos que perfaziam o sistema cerimonial que simbolizava a Cristo e outras leis cerimônias. 

Confesso que por muitos anos entendia, ensinava e defendia tal crença, mas atualmente não posso defender o indefensável. Vamos analisar a bíblia sem conceitos pré-definidos. Hb. 8.13 (Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.) 

Aqui o autor de hebreus destaca que o que está antiquado, envelhecido e prestes a desaparecer é a antiga aliança. O que a bíblia diz ser a antiga aliança? Seria somente o sistema cerimonial levítico? Ex. 24.12 (Então, disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim, ao monte, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os ensinares.) Esperem não me chamem de apostata, não sou eu quem está dizendo que a antiga aliança a qual o autor de hebreus disse que se tornou envelhecida prestes a desaparecer são os dez mandamentos. 

As tábuas de pedra leis e mandamentos que a bíblia diz que são uma coisa só é a aliança que Deus fez com Israel e que hebreus 8.13 diz que se tornou antiquada. Ex. 34.27-28 (Disse mais o Senhor a Moisés: Escreve estas palavras, porque, segundo o teor destas palavras, fiz aliança contigo e com Israel.) E, ali, esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras. 

Duas questões interessantes (1) A aliança foi feita com Moisés e com Israel, (2) a aliança são os dez mandamentos. Dt. 4.12-13 (Então, o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes aparência nenhuma. Então, vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.) 

Dt. 10.3-4 (Assim, fiz uma arca de madeira de acácia, preparei duas tábuas de pedra, como as primeiras, e subi o Monte com as duas tábuas nas mãos. Então o Senhor escreveu nas tábuas o que estava nas primeiras, os dez mandamentos, que Ele vos falara no monte, do meio do fogo, no dia da assembléia; e o Senhor as entregou a mim.) 

Sabemos que os dez mandamentos foram escritos em tábuas de pedra e os três versos acima não deixam dúvidas, de que eles perfaziam a antiga aliança. Dizer que o cerimonial Levítico foi o que caducou com a morte de Jesus é tentar ser advogado de uma causa perdida, a bíblia é clara em afirmar que a aliança que Deus fez com Israel foi a lei na sua totalidade. Como vimos na postagem anterior não existe distinção de leis na bíblia tudo era considerado como lei de Deus. 

Hb. 8.7 (Pois se aquela primeira aliança não tivesse defeito, nunca se teria buscado lugar para a segunda.) Que primeira aliança seria essa? Lógico que foi aquela feita no monte Sinai, o problema para muitos é conseguir entender que tal aliança também se encontra os dez mandamentos de Êxodo 20. Dt 9.9-10 (Subindo eu ao Monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do Concerto que o Senhor fizera convosco, então fiquei no Monte quarenta dias e quarenta noites; pão não comi e água não bebi; e o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus, aquelas palavras que o Senhor tinha falado convosco no Monte, do meio do fogo, estando reunido todo povo.)

2ª Cr. 5.10 (Nada havia na arca senão só as duas tábuas, que Moisés ali pusera junto a Horebe, quando o Senhor fez aliança com os filhos de Israel.) 2ª Cr. 6.11 (Nela pus a arca em que estão as tábuas da Aliança que o Senhor fez com Israel.) 

Devo confessar que por vários dias tentei de todas as formas refutar tal ensinamento, analisei este e outros assuntos e finalmente “dei a minha mão a palmatória” não posso refutar algo tão claro e convincente, de que os dez mandamentos, as tábuas da aliança são na realidade aquilo que foi envelhecido que estava prestes a desaparecer nos dias do escritor da carta aos hebreus. Para muitos pode parecer apostasia da fé, mas digo em Cristo que não é. 

Sou uma pessoa que busco a verdade não me prendo a dogmas, e a denominações, creio que em Cristo sou “livre” para perseguir a verdade e a santificação. Outro fato interessante é que diferentemente do que afirmam a antiga aliança tinha como base as tábuas dos dez mandamentos, reparem que ao descrever a liturgia da antiga aliança o escritor de hebreus cita como base de tal aliança os utensílios que se encontravam dentro do tabernáculo, vejam só: 

Hb. 9.1-5 (Ora a primeira aliança também tinha preceitos de serviço sagrado e o seu santuário terrestre. Com efeito, foi preparado o tabernáculo, cuja parte anterior, onde estavam o candeeiro, e a mesa, e a exposição dos pães, se chama o Santo Lugar;  por trás do segundo véu, se encontrava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos, ao qual pertencia um altar de ouro para o incenso e a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava uma urna de ouro contendo o maná, o bordão de Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança; e sobre ela, os querubins de glória, que, com a sua sombra, cobriam o propiciatório...) 

Reparem atentamente que tais utensílios foram preparados para a primeira aliança, neste caso o que envelheceu não foi somente o que concerne à questão cerimonial. Dirão então: quer dizer que está tudo liberado, podemos fazer tudo o que der na “telha?” 

Devemos compreender que na antiga aliança quem obedecia à lei vivia, caso contrário morria! Já na nova aliança a regra é a seguinte: se crer no sangue de Cristo que nos purifica de todo pecado vive se não crer em Cristo, morre! E os que estão em Cristo adotam a prática do pecado? 2ª Co 5.15-17 (E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.)