sábado, 1 de novembro de 2014

A soberania de Deus e o mal.

Is. 46.9-10 Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade.” Mc. 10.18 “Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.”  Gn. 3.22 “Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente.”

Estes versos nos mostra que Deus é soberano, que ele também é bom e que o mal existe. Por soberania entendemos que seja alguém com o poder supremo, alguém que domina absoluto. Na visão teológica este alguém é Deus, o criador de todas as coisas. Muitos que querem se “livrar” de prestar contas para o criador soberano lançam dúvidas quanto a regência suprema de Deus, tentam de todas as formas minar a credibilidade das escrituras. Em teologia existem três proposições as quais temos por verdadeiras.

Proposição (1) baseado no verso bíblico de Isaías e dezenas de outros versos compreendemos que Deus é onipotente. Proposição (2) Marcos e outros inúmeros versos da bíblia nos informa que Deus é bom. Proposição (3) A julgar pelos acontecimentos maléficos  que presenciamos no mundo que vivemos e como nos é dito também em Gênesis e outros tantos versos bíblicos o mal é uma realidade inegável. Como conciliar as três proposições sem afetar a soberania absoluta de Deus?

Para os filósofos ateus e outros a julgar pelo estado de acontecimentos que observamos no mundo as três proposições não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Conforme o relato bíblico que lemos acima vemos que Deus é onipotente, de igual modo vemos também que ele é bom e que apesar disso o mal existe. A onipotência significa que Deus pode fazer tudo o que ele queira ou deseje fazer. Naturalmente Deus não deseja fazer aquilo que é irracional ou algo que seja destituído de significado. Sendo Deus e poderoso Deus pode fazer qualquer coisa que seja compatível com seus próprios atributos.

A segunda premissa afirma que Deus é totalmente bom, isso significa que Deus é moralmente exigido pela sua própria natureza a fazer qualquer coisa boa. E se ele não desejasse e fizesse sempre o bem, ele não seria totalmente bom. Mas o mal existe, de onde então vem o mal? Provavelmente Deus é totalmente capaz de evitar que os males venham à existência, ou ao menos é capaz de eliminar todos os males que existem. Mas os males ainda existem. Sabemos pela bíblia que até mesmo o mal tem o seu destino final, Ap. 21.4 “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”

A bíblia em seu sentido natural e literal nos ensina que não podemos negar a existencia do mal nem mesmo a soberania de Deus, ao passo que grupos cristãos liberais oriundos de diversas denominações influenciados pelo humanismo tem negado não só os escritos bíblicos como a própria ordem explicita no mundo observável. Em outras palavras percebemos que a natureza é compatível com o relato bíblico não só da soberania absoluta de Deus, como também da existência do mal. Se o mundo observável não consegue fazer com que os ateus enxerguem tanto a soberania e onipotência quanto a bondade de Deus, então o que eles precisam ver para crer em tais atributos?  

Rm. 1.18-20 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;  porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis. Sl. 33.9 “Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir.”

Até mesmo esta realidade bíblica está sendo recusada por diversos números de “cristãos” influenciados pelo ateísmo e pelo humanismo apóstata, este acontecimento foi causado devido a visão materialista dos líderes cristãos que não conseguiram conciliar a existência do mal no mundo com um Deus onipotente. Entraram no mesmo caminho seguido pelos ateus e iluministas. Cegados pelo movimento apóstata que ora observamos não conseguiram ver que o Deus da bíblia por ser soberano nunca falha em racionalmente adaptar os seus meios para alcançar os seus fins, sendo assim Deus consegue relacionar os seus atos as suas intenções.

Is. 55.8-9 e 11 “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.  Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei.”

O fato importante que todos esquecemos ou fomos condicionados pelo cristianismo que temos presenciado é que assim como Deus da bíblia é onipotente a despeito de todas as dificuldades imaginadas ele também é o padrão de bondade e justiça. Em outras palavras apesar do mal ser uma realidade no mundo Deus é intrinsecamente bom, o fato do mal existir só demonstra que os meios estão sendo “adaptados” para os seus fins. O fato é que Deus criou um mundo onde o mal era inevitável, dadas as condições iniciais na queda.

Outro fato que muitos e esquivam é que se cremos que Deus é soberano então devemos crer que ele preordenou o pecado. O que mais podemos concluir? Podemos concluir que a decisão de Deus de permitir que o pecado entrasse no mundo foi uma boa decisão, dado os seus planos para o futuro. Caso fosse o contrário Deus não estaria mantendo a existência do mundo nesta condição. Quanto aos ateus e céticos resta-lhes uma pergunta: em um mundo criado onde os seres humanos apesar de não ser onipotentes nem mesmo são independentes não seriam eles os responsáveis pelos semelhantes e por toda a natureza? Digo isso baseado na condição humana de ser o regente da criação.

A palavra responsável é sinônima de responder por. Sendo interdependente com o restante do mundo o que os humanos estão fazendo para aliviar o sofrimento causado na maioria pelo próprio humano? Em que eles estão sendo responsabilizados? Outro fato importante é que diferentemente dos seres humanos não existe alguém acima de Deus para que ele tenha que prestar contas, ao passo que a criatura está obrigada a prestar contas a Deus se assim for chamada, 

Rm. 9.19-23Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão.” 

O problema não está no caráter de Deus visto que intrinsecamente Deus é o padrão de bondade. O problema está nas perspectivas humanas a respeito de Deus que procuram limitá-lo nos interesses de sua autonomia. Por que alguém deveria presumir que Deus está debaixo de qualquer obrigação de tanto evitar os males tão logo eles surjam? A bondade de Deus é correlata a sua sabedoria e onipotência. Ele pode ter planos que fazem plenamente sentido para ele e que incluem sua resposta a longo prazo para o mal. Não parece haver razão alguma provável na bíblia por que Deus não teria designado um universo no qual os males de várias espécies fossem inevitáveis, isso no entanto não quer dizer que Deus aprova o pecado e o mal. Isto significa que os planos de Deus para a sua criação sem o pecado e o mal estão em andamento.