quinta-feira, 16 de abril de 2015

Não tenho nada com sua fé, mas...

Em outra postagem disse que qualquer doutrina ou ensinamento bíblico deve estar embasado nas escrituras. E continuo atestando o mesmo princípio. Após ler alguns artigos interessantes, eles me impulsionaram a pesquisar uma questão pouco debatida, mas sem dúvida nenhuma de uma grande importância doutrinária, principalmente para os católicos romanos. Antes, porém, gostaria de destacar novamente: Eu Evandro, não me importo com qual religião ou mesmo denominação cristã as pessoas estão filiadas. O que não deve ser admitido são doutrinas de homens mascaradas de doutrinas bíblicas e sendo ensinadas e valorizadas como tais.

É fato conhecido por todos que a tradição da igreja católica romana afirma que depois de passar por várias cidades, Pedro haveria sido martirizado em Roma entre 64 e 67 d.C. Porém, Desde a Reforma teólogos e historiadores protestantes afirmaram que Pedro não teria ido a Roma; esta tese foi defendida mais proeminentemente pelo teólogo e historiador alemão Ferdinand Christian Baur. Porém, atualmente os historiadores tais como o luterano Adolf Harnack concorda que Pedro realmente viveu e morreu em Roma. Percebe-se de um lado uma facção recusando e do outro defendendo a estada de Pedro em Roma e consequentemente como sendo ele o primeiro papa.

A tradição católica sustenta que Pedro foi papa em Roma, por mais de duas décadas, não se sabe exatamente os números de anos, alguns dizem que foram vinte e cinco outros vinte e sete e etc. Mas, independente do número de anos ou mesmo de que vários teólogos famosos e conceituados assumam que realmente Pedro viveu e foi papa por mais de duas décadas em Roma, surge uma pergunta muito simples que raramente é feita: onde na bíblia está escrito que Pedro após a morte de Jesus tenha ido para Roma? O NT. Nos informa que a obra religiosa realizada pelos apóstolos não foi uma tarefa de homem, ou mais propriamente uma tarefa tendo o seu efeito baseado na sabedoria e força humana.

Deus foi quem capacitou tais pessoas; inclusive eles próprios seguiram o roteiro traçado pelo próprio Cristo a fim de poder receber do céu o espírito santo. Lc. 24.49Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.” Esta orientação de Cristo segundo o NT. Foi para que após a sua morte nenhum dos discípulos se ausentassem de Jerusalém, até que fossem revestidos do espírito. Após a ressurreição de Cristo Ele próprio da as coordenadas para os discípulos dizendo o que iria suceder. At. 1.8 “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”

A ordem bíblica é clara, eles seriam revestidos, iriam testemunhar de Cristo primeiramente em Jerusalém, em toda a judeia depois em Samaria para poderem evangelizar após isso os confins da terra. Até esse momento Pedro não havia saído de Jerusalém, At. 8. 14Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João.” Segundo a informação bíblica somos levados a crer que tal acontecimento não se deu imediatamente, baseio-me na informação de que mesmo em Jerusalém houve resistência ao evangelho, naturalmente o mesmo ocorreu na judeia. Mas o verso nos diz que assim que os apóstolos ouviram que Samaria recebera a palavra, Pedro e João foram enviados. 

Isso quer dizer claramente que até aquele momento Pedro não estava em Roma. Baseado na informação bíblica e na orientação de Jesus aquele momento seria oportuno para os Discípulos evangelizarem outras localidades, mesmo fora de seu país, haja vista que Samaria seria a última escala intermediando Jerusalém e os confins da terra. Será que após irem a Samaria foram dispersados evangelizando o mundo? Pedro aproveitou a oportunidade e foi para Roma? Não, Pedro voltou para Jerusalém, At. 8.25 “Eles, porém, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos.” Seguindo a orientação do Senhor os discípulos de Jesus fortaleciam a igreja que se encontrava em Jerusalém, At. 9. 31A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.”

Assim sendo os discípulos podiam trabalhar em toda circunvizinhança, At. 9.32 “Passando Pedro por toda parte, desceu também aos santos que habitavam em Lida.”  At. 9.38 Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens que lhe pedissem: Não demores em vir ter conosco.” Gl. 2.11Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível.” Percebemos Pedro tendo a sua estada em algumas cidades fora de Jerusalém.

Tais como: Lida, Jope, Antioquia e voltando para Jerusalém At. 11.1-2 “Chegou ao conhecimento dos apóstolos e dos irmãos que estavam na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus. Quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão o arguiram.” Segundo alguns estudiosos a primeira reunião da igreja também conhecida como o concílio de Jerusalém aconteceu por volta do ano 51 dC. Ora segundo a igreja católica Pedro foi papa em roma por mais de duas décadas, bem, no ano 51 Pedro ainda se encontrava em Jerusalém.

At. 15.6-7Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão. Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que, desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem.”  Sem ser tendencioso ou mesmo tomar partido acredito que Pedro não esteve em Jerusalém, vimos no verso a cima Pedro em Jerusalém, não chegando a Jerusalém, isso no ano 51 já os versos a seguir nos mostra o imperador Claudio expulsando os judeus de Roma.

At. 18.1-2Depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto. Lá, encontrou certo judeu chamado Áqüila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus se retirassem de Roma. Paulo aproximou-se deles.” O edito de Claudio contra os judeus foi do ano 41 a 54 dC. E a ordem de Claudio contra os judeus foi devido a desavenças por causa de Cristo. Ou seja, foi por causa dos cristãos, Pedro era um seguidor de Cristo, e naturalmente não seria tolerado pelo imperador, a bíblia não diz que ele Pedro tenha sido expulso pelo imperador, teria sido um milagre? Ou foi devido ao fato de ele não estar em Roma? 




sexta-feira, 3 de abril de 2015

O diabo, uma personificação da natureza humana pecadora.

Mt. 4.1 “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.” O objetivo da ida de Jesus ao deserto foi para o seu aperfeiçoamento espiritual, enganam-se aqueles que acreditam que Jesus tinha uma natureza que de qualquer forma o livraria de pecar. Será que o “diabo” foi um colaborador de Cristo no que corresponde o seu aperfeiçoamento? Ou a guerra de Jesus era contra a sua natureza? Hb. 5.7-9 “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.”  

Nos dias de sua carne; significa os dias que Jesus esteve na terra, diz também que ele aprendeu a obediência demonstrando que Jesus tinha uma natureza semelhante a nossa. Logo também nos é dito que ele foi aperfeiçoado, ora, alguém só é aperfeiçoado quando não dispõe de tal perfeição, portanto Jesus precisou sim vencer a sua própria natureza. E tal vitória começou a acontecer quando ele venceu o diabo isto é a carne, a tendência humana.

A primeira menção da palavra "diabo" no Novo Testamento é encontrada no relato da tentação de Cristo. Somos capazes de encontrar neste relato algo semelhante com a história do Éden? A resposta é uma afirmação. Lendo cuidadosamente somos capazes de discernir o padrão da tentação do Éden, porém deve ser destacado um resultado diferente, porque Jesus resistiu onde Adão e Eva sucumbiram isso aconteceu porque Jesus manteve a palavra de Deus e desprezou as lisonjas da tentação que vieram sobre ele.

Cristo tinha estado no deserto quarenta dias e quarenta noites, e depois teve fome. Foi então que ele sofreu a tentação. Mt. 4.3 “Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.” Outra comparação que podemos fazer é compararmos a tentação que sobreveio aos israelitas no deserto, Ex. 19.1 “No terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia desse mês, vieram ao deserto do Sinai.” Mt. 4.1 “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.” Assim como os israelitas foram levados para o deserto, (assim ocorreu com Cristo) isso por si só era uma garantia de que Deus iria prover a subsistência para eles.

A provação que sobreveio aos israelitas no deserto tinha como objetivo em demonstrar como era a dependência do povo para com Deus. Dt. 8.3 “Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem.” A queixa do povo afastou a palavra de Deus em suas mentes e consequentemente a palavra de Sua promessa de mantê-los e alimentá-los.

Suas reclamações, portanto, em princípio, foram como a ação de Adão e Eva no descumprimento da ordem de Deus. Assim, tanto a tentação do Éden como a peregrinação no deserto Jesus confrontou e suportou. Ele conhecia todas as lições da jornada no deserto; e por isso tinha a garantia e a confiança da provisão de Deus. Portanto, quando veio a tentação, nascida da longa abstinência e carregada com todo o apelo e persuasão da carne, veio como o apelo da serpente. Era um duelo entre o pensamento da carne e o pensamento do Espírito, que ele estava comprometido a seguir, Exatamente como aconteceu no Éden. 

Lá também foi um duelo entre o pensamento de carne, representado pela serpente, e o pensamento do Espírito representado pelas instruções de Deus para não comer da árvore proibida. Esta semelhança explica o uso da palavra diabo na narrativa. Embora a tentação decorresse da sua fome natural a tentação da carne, que está sempre pronta a combater contra o Espírito encaixa no padrão da tentação no Éden, Gl. 5.17 “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.”

E somos lembrados dessa semelhança, para que possamos entender melhor a lição essencial, a saber, que o pecado é sempre a anulação da Palavra de Deus. E isso significa que sempre para anulação da palavra de Deus é usado o raciocínio carnal. Mt. 4. 5 “Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo.” Mt. 4.8-9 “Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” Se alguém está disposto a imaginar um tentador pessoal na tentação de Jesus no deserto, que explique a ação de Cristo em acompanhar tal ser ao pináculo do templo e para o topo da alta montanha.

Na verdade estes acontecimentos são compreensíveis como viagens mentais; como vôos da mente, da carne buscando ganhar o domínio. Cristo era o dono da situação, mantendo o seu próprio corpo sobre controle eficaz, a Palavra, todas as investidas de sua tendência carnal Jesus disse: "está escrito". O mesmo ocorreu quando Cristo chamou Pedro de Satanás. A tentação que ele colocou contra Cristo caiu no padrão da tentação edênica. O Senhor sabia que tinha de sofrer e morrer At. 2.23 “Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos.”

Ele sabia que era de acordo com o conselho determinado e presciência de Deus. Então, era tudo de acordo com as Escrituras. Pedro não compreendeu nada disso na época e em sua ignorância iria remover o Senhor do caminho da obediência à Palavra. Com a rapidez de entendimento que o fez único, Jesus viu o perigo, e repreendeu a Pedro. Os termos da repreensão, nos leva de volta ao Éden Mt. 16.23 “Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.” "Arreda, Satanás".

O apóstolo então agiu como a serpente, daí o termo Satanás, um dos nomes da serpente. Aqui é interessante notar que este raciocínio satânico (e, portanto, serpentino) é descrito pelo Senhor como as coisas que são dos homens em contraste com as coisas que são de Deus.