segunda-feira, 17 de julho de 2017

A teologia espiritual de Paulo.

O judaísmo bem como os irreligiosos céticos e ateus tem promovido uma questão na internet, a questão promovida é de que os escritos do NT. mais propriamente os escritos de Paulo são sem valor, ou desprovidos da verdade. Na realidade o que tem se visto na internet, e isso apoiados pela teologia judaica é que Paulo foi um mentiroso subversivo. Uma das questões importantes a serem destacadas e que alguns pontos devem ser defendidos se encontra na teologia judaica, o judaísmo acertadamente defende que o Messias é uma pessoa completamente humana, contrariando assim a teologia cristã.
Mais esperem, Eu disse contrariando a teologia cristã, não a teologia de Paulo. Sabendo que a teologia cristã foi formulada quase na sua totalidade por teólogos em um período posterior aos apóstolos, fica fácil saber quem foi que disse que o Messias é sobre humano, ou um semi-deus. Apesar da crítica destacar que Paulo fez de Jesus deus não se encontra nada nos seus escritos que credibilize isso, pelo contrário, em vários versos Paulo destaca a supremacia de Deus sobre Jesus, 1ª Co. 11. 3 "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo."
1ª Co. 15. 28 "E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos."  Estes e muitos outros versos de Paulo descrevem Deus tendo primazia sobre Jesus, é claro que existem aqueles os quais a teologia se encarregou em transformar, por exemplo Rm. 9. 5 "Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém." Deus bendito eternamente, isso parece descrever que Jesus é o Deus bendito, no entanto, não é isso que várias outras traduções descrevem.
Elas descrevem assim: "Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, seja Deus bendito eternamente. Amém." Então fica muito fácil culpar alguém, principalmente quando ele não está aqui para se defender, é claro que ao retirarem a palavra "seja" os tradutores tendencialistas tinham em mente tornar Jesus em Deus, isso é claro. Muitos ainda argumentam sobre as palavras encontradas ainda neste mesmo verso, e são elas:  Cristo segundo a carne. Dizem eles, -ora se Paulo está destacando essas palavras é porque ele acreditava nas origens celestiais do Messias.
Não necessariamente, por um simples motivo, quando Paulo disse essas palavras Jesus segundo nos é relatado já havia subido aos céus, ou seja, Paulo estava descrevendo o Messias do jeito que ele veio ao mundo, lógico de uma forma humana, naqueles dias em que descrevia essas palavras Jesus era um Messias espiritual, conforme o próprio Paulo descreveu: 1ª Co. 15. 46 "Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual."  E é exatamente isso que o verso nove de romanos quer nos dizer, ou seja, Jesus primeiro foi homem natural, terreno, depois, passou a ser homem espiritual.
talvez seja aí onde o judaísmo vê discrepância na teologia paulina, assim como o judaísmo vê um Messias completamente humano em seu nascimento e missão assim também o vê Paulo, no entanto, o judaísmo acredita em um Messias completamente humano que irá subjugar os inimigos de Deus, Já Paulo acredita em um Messias humano que passou para um estágio espiritual livre da morte, que irá voltar para estabelecer o reino de Deus. Rm. 6. 9 "Sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele."
Agora comparem as duas teologias: um Messias humano, mas segundo o judaísmo que permanece para sempre, Jo. 12. 34 "O povo lhe replicou: “Nós temos ouvido da Lei que o Cristo permanecerá para sempre, como podes afirmar: ‘o Filho do homem precisa ser levantado’? Quem é afinal esse Filho do homem?" Uma pergunta deve ser feita: como alguém completamente humano pode viver para sempre, sem ser transformado espiritualmente? A tendência do ser humano natural é ir envelhecendo até fim, é claro que nem sempre é uma regra, visto que se morre novo.
Neste ponto discordo da teologia judaica, a teologia paulina é mais lógica, a transformação ou a ressurreição espiritual é mais sensata, até mesmo do ponto de vista da implantação do reino de Deus. Nenhum ser humano que esteja sujeito as mesmas coisas que estamos pode transformar o mundo, a própria situação belicosa que irá desencadear esse momento será preciso de alguém que já passou pela morte, o qual enfrentará todo este mundo, não sem retaliações, mas sem prejuízo, Ap. 2. 26-27 "E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai."
Outra questão onde tentam menosprezar o trabalho evangelístico de Paulo é com relação a lei de Deus. Argumentam dizendo que Paulo é contrário a lei e assim ensina, seria isso mesmo? Rm. 3. 31 "Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei." Naturalmente Paulo está dizendo que um ambiente (e este é o mundo) deve ser regido pela lei de Deus, naturalmente em seu entendimento ele está dizendo que esta lei está no coração daquele que crê, ou mais propriamente na lei natural que Deus implantou, e foi isso que ele disse em Rm. 7. 14 "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado."
Desta forma Paulo, não foi e nem mesmo ensinou a desobediência a lei, mas sim a invalidade do legalismo para poder agradar a Deus, em outras palavras fazer algo minucioso, programado, aquilo que não é natural para agradar a Deus, não tem mérito. E dizendo que Paulo foi um transgressor eles insistem dizendo que Ele sozinho ou por iniciativa própria, ou por iniciativa dos pais da igreja criaram um grupo de seguidores os quais denominaram cristãos. Seria isso mesmo? Os discípulos de Jesus não estavam de acordo com Paulo?
At. 15. 22 "Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a igreja escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os irmãos." O verso é claro assim com outros em dizer que havia sim uma uniformidade entre os discípulos de Jesus e Paulo, o que revoltou o judaísmo foi a não adesão das práticas legalistas aos gentios, inclusive por parte dos próprios discípulos de Jesus, e não somente Paulo. Os judeus acreditam que podem plenamente obedecer as leis de Deus, segundo eles próprios estas leis são classificadas em 613 mandamentos, sem contar os mandamentos dentro dos mandamentos, como a questão do sábado, por exemplo: http://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/657775/jewish/Os-39-Trabalhos-Proibidos.htm
Eles não acreditam em um substituto, como os cristãos acreditam, para eles não pode haver um intermediário entre Deus e o homem, algo que foi ensinado pelo próprio Jesus e depois por Paulo, Jo. 14. 6 "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." Naturalmente os judeus discordam de tais declarações pelo fato de todos os personagens do AT. terem se comunicado diretamente com Deus, mas, deve ficar entendido que Jesus estava se referindo a uma "ida" ou de um encontro espiritual com Deus, algo que os judeus também rejeitam.

sábado, 1 de julho de 2017

Mais sobre Tiago 2. 10

Vez por outra os sabatistas acusam os não sabatistas dizendo que estes são transgressores da lei, para isso valem-se de textos os quais supostamente fundamentam tal acusação, porém em outro assunto postado aqui neste blog: evandro-blogdoevandro.blogspot.com.br/2013/05/tiago-210-e-os-sabatistas.html disse que Tiago 2. 10 não serve para condenar os não sabatistas; pelo contrário, caso alguém ou alguma denominação religiosa utiliza-se de Tiago 2 10 para tentar se justificar perante a lei está completamente equivocado, o verso diz assim: "Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos." Os sabatistas argumentam dizendo: (- este verso cai como luva para os transgressores, uma vez que eles estão de acordo quanto a permanência dos outros mandamentos do decálogo.

Mas seria isso mesmo? Lógico que não! Primeiramente deve se argumentar que a defesa da não obrigatoriedade do sábado para os não judeus é bíblico, este é o primeiro e mais relevante argumento. E para isso podemos depreender de passagens como:  Sl. 147. 19-20 "Ele revelou sua palavra a Jacó, sua lei e seus preceitos a Israel. Com nenhum outro povo agiu assim, a nenhum deles manifestou seus mandamentos." O contra argumento será que a partir de Israel foi manifestado a todas as nações.

Dt. 4. 12-13, 44 "Então o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes figura alguma. Então vos anunciou ele a sua aliança que vos ordenou cumprir, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra. Esta é, pois, a lei que Moisés propôs aos filhos de Israel."  O mesmo contra argumento será utilizado, mas eu insisto em dizer que Deus não fez um pacto baseado na lei conosco, ou seja, a obrigatoriedade era exclusiva de Israel.

Então, a primeira e mais importante questão é o fato bíblico de Deus não ter feito conosco um pacto (mediante a lei) com relação a própria lei. O que Deus propôs para todos os povos e em todas as épocas, foi que a lei interior deve ser respeitada e exaltada. A lei interior é aquela que universalmente falando quando transgredida a consciência acusa, Rm. 2. 14-15 "Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei. Pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os."

Muitos contestam dizendo: - Com relação ao sábado não se dá o mesmo? Não, o sábado e sua obrigatoriedade não foi estendida a todos os povos, tanto é assim, que quando alguém houve pela primeira vez que deve se guardar o sábado a sua consciência não lhe acusa, tal coisa só irá acontecer quando o indivíduo for completamente doutrinado a pensar e agir assim, em outras palavras tal ordenança não está escrito internamente nos não judeus. Mais duas questões importantes que se deve destacar, 1º dentro do cristianismo quando se faz um processo de conversão a lei, torna-se uma prática judaizante, ou seja, os primeiros cristãos sofreram e rechaçaram tal prática.

At. 15. 5 "Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés."  Os apóstolos resistiram tal instrução; e a segunda questão refere-se ao ato cerimonial do sábado, todas as ordenanças que são pronunciadas as palavras: até a tarde, até ao por do sol, estatuto perpétuo e para sempre, são entendidos como mandamentos cerimoniais. Com relação a guarda de toda a lei a própria lei ordena: Dt. 27. 26  "Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém."

A lei impõe um risco muito grande, ou se guarda a sua totalidade, ou se torna culpado de transgredir parte dela. Gl. 3. 10 "Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las."  Torna-se evidente que a arma do sabatista se volta contra ele, sim, se diz que guarda o sábado conforme recomenda a lei e não o faz, a condenação da lei recai sobre ele.

É de conhecimento de todos os sabatistas que ninguém observa o sábado segundo as ordenanças impostas na lei do próprio sábado, ou seja, pode-se até não trabalhar no período de 24 hs. que compreende o dia de sábado, no entanto isso não significa nada. A lei do sábado proibia de carregar cargas, nas horas do sábado, falar algo de interesse próprio, não comercializar no dia de sábado, também não podia caminhar neste dia; no período intertestamentário os líderes religiosos afrouxaram um pouco a lei e introduziram uma cláusula dizendo que poderia se caminhar por um percurso de 1 km.

Tg. 2. 8-9 "Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis." "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores."  Em qual dos dez mandamentos se diz para amarmos o próximo e a não fazer acepção de pessoas? Em nenhum dos dez diz isso. Isso está registrado na chamada lei de Moisés, o que isso significa? simplesmente que a pretensão de se cumprir os dez mandamentos não livra ninguém da condenação da transgressão da lei.

Ou seja, Tiago é explícito ao afirmar, que qualquer que observa a lei mas não a sua totalidade me refiro toda a torá, transgride a lei. No pensamento judaico a lei deve ser observada num todo não em partes, e só observar os dez mandamentos tornam a lei fragmentada, portanto fica invalidada a sua observância. Assim sendo a acusação dos sabatistas contra aqueles que não observam o sábado como algo importante para a salvação fica sem valor, pois os próprios são responsabilizados perante a lei por não observá-la na sua totalidade. Resumindo, se alguém utiliza Tiago 2. 10 como um argumento de defesa dizendo que observa a lei deve ter cuidado, visto ser a observância da lei algo bastante inflexível.